Neste guia estou preparando um texto para poder explicar na realidade o que é a tal potencia dos aparelhos de som, e o porque que em PMPO (Peak Music Power Output – Potencia de Saida de Picos Musicais) os valores são tão maiores do que em RMS (Real Measurement Sistem – Sistema Real de Medição) e o que é realmente a potência do som, indiferente do tipo de medição usado, seja ele uma medição real ou não.
Lembre-se, não existe alto-falante “com potência de X watts”. Alto falante é um componente passivo, que transforma energia, na verdade, um alto falante de 120W RMS suporta eletricamente 120W sem queimar, porém se for ligado em um amplificador de 50W, tocará igual a qualquer outro alto-falante parecido e de menor potência no caso 50W. Isto sem contar que tem muita perda no caminho antes de virar som. O fabricante que apresenta como primeiro dado de seu alto-falante o valor da potência, tem a nítida intenção de te “ganhar no papo”, cuidado.
Com relação aos valores de potência, o leitor já deve ter se deparado com números assustadores e não coerentes. Por exemplo, um aparelho 3-em-1 caseiro, a venda no supermercado tem uma etiqueta que diz possuir 4000 Watts de potência. Óbvio que esta informação não é real. Isso seria admitir que este aparelho consome tanta energia quanto meu chuveiro elétrico. O que acontece nestes casos é a unidade de medida que o fabricante utilizou.
Na maioria das vezes, potência PMPO, ou seja, uma forma de medir a potência máxima que o aparelho pode gerar, mesmo que seja por um instante mínimo de tempo, até menor que centésimos de segundo.
Como não há padronização para esta medida, o fabricante “inventa” como ele quiser a maneira que vai utilizar para fazer a medição da potência PMPO. Isto trata-se de uma jogada de “marketing”.
Repare que: a potência dos novos aparelhos de supermercado aumenta espantosamente enquanto estes continuam diminuindo de tamanho. Ora então porque os amplificadores para shows raramente passam dos 6000W e continuam tão grandes? -Você vai entender agora!
A medição de potência padronizada pela ABNT é a que vale. Medida em um período de tempo padronizado onde se possa definir a potência média que foi trabalhada pelo aparelho sem que ocorra sua queima.
Esta é a potência RMS ou conhecida como potência real média, esta serve como parâmetro de comparação e deve vir sempre especificada pelo menos no manual do fabricante. Já me deparei com aparelhos que anunciavam 400W na frente de seu painel, mas no manual estava especificada a potência RMS de míseros 6W por canal.
Este mesmo raciocínio vale para alto falantes. Nossa referência é potência RMS. Ainda temos um agravante. Esta potência é a que o alto falante suporta eletricamente. Na maioria das vezes o limite mecânico imposto pelo Xmax ocorre antes que toda a capacidade de potência do alto-falante seja aproveitada. Por isso torna-se importante o cálculo e simulação da caixa antes da compra do alto-falante.
Em música existe um parâmetro conhecido como dinâmica. Isto é a diferença entre o som mais “fraco” que toca em uma música e o mais “forte”. Qual quer aparelho em volume médio deve conseguir reproduzi-los, todos eles sem distorção. Vejamos o exemplo de uma típica musica de rock. Se tomarmos somente a variação dinâmica entre o volume médio normal no decorrer da música e os momentos de pico, encontraremos uma variação de 12dB, isto chama-se fator de crista.
Agora vejamos, se o sujeito estiver ouvindo em um volume onde o desenvolvimento normal da música consome 2W do sistema. Quando em uma passagem mais forte da música, como um grito do vocalista ou uma base de guitarra onde atinja +12dB acima do nível médio, veja qual a potência necessária para reproduzi-lo 31,7W.
Isto é 15 vezes mais potência do que estava sendo desenvolvido normalmente. Veja que não é todo aparelho que fornece esta potência. Imagine que você estivesse tocando para uma multidão, onde seu sistema já desenvolvia um volume médio de 50W. Se calcular vai ver que necessitaria de 750W nas passagens mais fortes! Ou ainda, se imagine ouvindo música clássica, onde o fator de crista pode chegar a 30dB.
Quando a potência requerida é maior que a do amplificador, a onda é ceifada e ocorre distorção por saturação do equipamento. A onda perde seu formato, se torna quase quadrada e perde suas informações de timbre. Por aí percebemos que alta potência em um sistema funciona como uma reserva de energia e não para escutar em volume máximo. Exceto se o controle de volume do aparelho já fora projetado pensando isso.
A potência PMPO tinha a intenção inicial de especificar a capacidade que certos aparelhos tinham de fornecer alta potência nestes momentos de maior dinâmica, mas como não houve padronização, virou esta palhaçada que conhecemos hoje.
Sempre recebo muitas perguntas porque as vezes indicamos um amplificador de 4000w para ligar um par de alto-falantes de 800w, justamente por esse fator de crista. Quando projetamos sistemas de PA ou sonorização nunca casamos as potências dos amplificadores com a dos alto-falantes, na maioria das vezes o que danifica um sistema de som é a distorção causada por esses picos, pois os amplificadores não lidam bem com isso, já os auto-falantes lidam melhor. Vejamos, aqui quando nos referimos auto-falantes estamos falando de equipamentos de qualidade e que também tem um fator de dissipação que tolera esses valores de pico.
Vamos a um exemplo típico, auto-falantes realmente valem o quanto pesam, ou seja, você vai encontrar no mercado equipamentos com uma mesma potência e com imãs diferentes, tecnicamente um alto-falante é uma bobina que se move dentro de um campo magnético produzindo variações no ar ao redor, que produzem o som. Quanto maior o imã, maior a dissipação de calor e maior a resistência do ar que vai ser vencida sem o sobreaquecimento dessa bobina e sem sua queima. Comparamos então os sistemas de amplificadores com os motores de um veiculo, e os auto-falantes com o veiculo, falantes com um ima pequeno são como carros de passeio, já aparelhos com um ima grande são como caminhões. Os caminhões são projetados para carregar muito peso (potência) por longos caminhos, já os carros desenvolvem velocidade (altura sonora), porém por curtos espaços de tempo e não lidam bem com grandes cargas.
Futuramente, vamos falar mais detalhadamente da construção de um alto-falante para que vocês consigam entender definitivamente as diferenças entre diversos modelos e concepções, e explicar tecnicamente o funcionamento de diversos tipos de transdutores (auto-falantes) como os tweeters, cornetas woofer, subwoofer e suas diferenças técnicas.